Aquisição de mudas


CONHEÇA O PROGRAMA DE AQUISIÇÃO DE MUDAS (PAM)

A Fundação Jardim Botânico de Poços de Caldas (FJBPC) tem um importante papel como agente socioambiental, contribuindo para os processos de conscientização ambiental da população e na conservação e manutenção da biodiversidade das florestas nativas, principalmente do bioma da Mata Atlântica. Além disso, propicia o resgate da identidade cultural, conservando costumes e tradições regionais relacionadas ao uso de plantas nos diversos setores da sociedade.

Para isso, a FJBPC possui o Programa de Aquisição de Mudas, onde são liberadas mudas de espécies arbóreas nativas e de espécies de cunho etnobotânico, produzidas pela instituição.

Figura 1. Mudas em fase de produção na Fundação Jardim Botânico de Poços de Caldas; (a) Mudas de espécies arbóreas nativas em fase de rustificação. Autor: Daniela Nascimento; (b) Mudas de espécies da Coleção Etnobotânica em fase de desenvolvimento. Autor: Daniela Nascimento.

Essas liberações ocorrem de duas maneiras, a primeira é pela doação de espécies que compõem a coleção etnobotânica e a segunda é pelo sistema de permuta com as mudas de espécies arbóreas nativas da região do Planalto de Poços de Caldas, para pessoas físicas e jurídicas.

Figura 2. Mudas liberadas para doação no Congresso Nacional de Meio Ambiente de Poços de Caldas 2022; (a) Mudas de espécies arbóreas nativas. Autor: Daniela Nascimento; (b) Mudas de espécies da Coleção Etnobotânica. Autor: Daniela Nascimento.

O Programa acontece de setembro a março, entretanto, o período de aquisição pode sofrer mudanças a qualquer momento, quando necessário. Os protocolos com as regras de liberação estão disponíveis para acesso neste link para as mudas de árvores nativas e neste outro link para as mudas de plantas etnobotânicas. Qualquer contato pode ser feito através do e-mail mudas.jbpocos@gmail.com.

Referências:

  • PINHEIRO, L. A.; NASCIMENTO, D. D. D.; PEREIRA, N. F.; BRAGA, D. L. J. P.; SILVA, M. S. R.; CANEDO-JUNIOR, O. D. E. Análise do Programa de Doações de Mudas da Fundação Jardim Botânico de Poços de Caldas/MG nos anos de 2019 e 2020. Regnellea Scientia, v. 7, n. 3, p. 126-138, 2021.

CONHEÇA A PRODUÇÃO DE MUDAS

Este processo tem a finalidade de produzir uma muda com características adequadas para seu plantio em local definitivo e é composto por diversas etapas que são realizadas em locais diferentes. No local de plantio definitivo, a muda deverá crescer e se desenvolver de forma correta e saudável, sendo capaz de gerar descendentes para a espécie, preservando a sua existência.

As mudas podem ser produzidas por duas maneiras: pelo método de estaquia/propagação vegetal (meio assexuado) e pelo método de semeadura/germinação de sementes (meio sexuado). A escolha dependerá da finalidade que a muda está sendo produzida, e o tempo necessário para se ter uma muda adequada para o plantio final.

Na FJBPC as mudas são produzidas pelos dois métodos de propagação, tanto sexuado como assexuado.

Produção de mudas por propagação vegetal

A produção de mudas por meio assexuado, também chamado de propagação vegetativa, ocorre a partir da retirada de um pedaço da planta (ramos, gemas, estacas, folhas, raízes e outros) para a produção de uma nova planta.

Existem várias técnicas para produção das mudas, podendo ser por meio de estaquia, macro e microestaquia, mergulhia, enxertia, separação por bulbos, divisão de touceiras, rizomas e a propagação por meio de cultura de tecidos. A escolha do método irá variar de acordo com o objetivo final da produção da muda, da espécie envolvida, da época do ano, da quantidade e qualidade do material envolvido, entre outros fatores.

Esse processo ocorre na “estufa de germinação” e é feito, principalmente, para produção das mudas para manutenção e manejo das coleções vivas da FJBPC. Nesse processo, é realizado a retirada de uma parte da planta mãe, também chamada de matriz. Esta parte retirada é levada para a estufa e é plantada em substrato, que pode ser composto por terra, material orgânico, casca de pinus, fibra de coco e vermiculita.

A parte retirada da matriz normalmente são postas para produção e desenvolvimento da muda em recipientes unitários, para que depois possam ser transplantadas para seu local definitivo. O tempo de produção das mudas varia de acordo com a técnica adotada e da espécie envolvida no processo.

Produção de mudas por germinação de sementes

A produção de mudas por meio sexuado ocorre através da germinação de sementes, principalmente para as espécies arbóreas nativas do Planalto de Poços de Caldas. O processo tem início pela coleta e beneficiamento dos frutos e sementes pela equipe responsável. Para algumas espécies é necessário realizar a quebra de dormência das sementes, que são técnicas (físicas e químicas) para facilitar a entrada de água no interior da semente, para que seu embrião consiga germinar. Após os processos de beneficiamento, as sementes estão prontas para seguirem para a fase seguinte, no viveiro denominado “estufa de germinação”.

Figura 1: Canela-sassafrás – Ocotea odorifera (Vell.) Rohwer. Classificação de ameaça: Em perigo (Reflora). (a) Frutos e sementes coletados sem nenhum beneficiamento. Autor: Daniela Nascimento; (b) Frutos retirados da cúpula, iniciando o ponto de maturação. Autor: Daniela Nascimento; (c) Sementes beneficiadas, retirada do arilo feito manualmente. Autor: Daniela Nascimento.

Viveiro de germinação

A “estufa de germinação” possui características ideais de umidade, temperatura e luminosidade para o processo de germinação de sementes. Ela é construída em estrutura metálica, tendo o teto e as laterais revestidos com lonas difusoras, em plástico branco de polietileno, a qual minimiza e distribui, uniformemente, a radiação solar em seu interior; possui uma janela lateral de ventilação, que pode ser aberta e fechada, de acordo com as necessidades climáticas.

O processo de germinação pode ocorrer de duas maneiras, de acordo com a característica das sementes:

a)     Quando são sementes muito grandes e a sua taxa de germinação é alta, as sementes são colocadas para germinar direto no recipiente unitário (saquinhos de 13cm x 21cm), onde a muda irá permanecer até o seu plantio no campo/canteiro;

b)     Quando as sementes são de tamanho médio ou pequeno, independente da taxa de germinação, elas passam pela germinação indireta, onde as sementes são colocadas para germinar em sementeiras suspensas em bancadas, sobre uma camada de aproximadamente 10 cm de substrato vegetal e cobertas por uma fina camada deste, para evitar que as mesmas passem por processo de desidratação e/ou dispersão. Após a germinação as plântulas permanecem na sementeira até atingirem o porte adequado, de 5cm a 7cm, ou até soltarem de um a dois pares de folhas, quando serão transplantadas para o recipiente final, onde elas passarão pelo processo de desenvolvimento e de rustificação.

Figura 2: Canela-sassafrás – Ocotea odorifera (Vell.) Rohwer. Classificação de ameaça: Em perigo (Reflora); (a) Sementes beneficiadas colocadas para processo de germinação em sementeira. Autor: Daniela Nascimento; (b) Sementes no início da fase de germinação. Autor: Daniela Nascimento; (c) Plântulas em desenvolvimento, porte adequado para serem transferidas para a fase de desenvolvimento. Autor: Daniela Nascimento.

Viveiro de desenvolvimento

A próxima fase da produção de uma muda, após a germinação, ocorre no viveiro denominado “estufa de desenvolvimento”, de construção semelhante àquela da Estufa de Germinação. Nesta fase as plântulas são transplantadas das sementeiras para os recipientes unitários (saquinhos plásticos), em substrato composto de terra e material orgânico. As mudas passam a receber uma quantidade menor de água e uma incidência maior de luz, para um crescimento e desenvolvimento saudável.

Durante esse processo, também são realizadas técnicas de manejo, como adubação das mudas, podas de condução e limpeza da parte aérea e raízes, além do controle de pragas e plantas daninhas. Elas permanecerão na fase de desenvolvimento até atingirem o porte adequado ou quando forem resistentes o suficiente para serem transferidas para a próxima e última fase, que ocorre no viveiro de rustificação.

Figura 3: Canela-sassafrás – Ocotea odorifera (Vell.) Rohwer. Classificação de ameaça: Em perigo (Reflora), lote na “Estufa de Desenvolvimento”; (a) Plântula transplantada da sementeira para recipiente unitário. Autor: Daniela Nascimento; (b) Mudas em processo de desenvolvimento. Autor: Daniela Nascimento; (c) Mudas em processo de desenvolvimento, já com porte para serem transferidas para fase de aclimatação. Autor: Daniela Nascimento.

Viveiro de rustificação

No “viveiro de rustificação” ocorre a última fase da produção das mudas, antes da destinação aos locais de plantio final. O viveiro é construído em área aberta, e nele ocorre o processo de aclimatação ou rustificação das mudas. Nesta etapa, as mudas recebem luz direta e sua irrigação ocorre em intervalos maiores de tempo e em menores quantidades, de duas a três vezes na semana, tudo para que a muda crie resistência e ajuste o seu metabolismo para escassez hídrica e variações climáticas que provavelmente ocorrerão após o plantio definitivo. Para algumas espécies mais sensíveis, ou que crescem naturalmente sob a sombra de outras árvores (espécies secundárias e/ou clímax), o processo de rustificação ocorre em canteiros cobertos por telas de sombreamento 50%, que simula o sombreamento natural que essa espécies deveriam ter no campo, porém a escassez hídrica continua a mesma do restante do viveiro.

Ainda na rustificação, as mudas também passam por técnicas de manejo, como adubação, podas de condução da parte aérea e raízes, além do controle de pragas e plantas daninhas.

As mudas permanecerão no viveiro até serem destinadas à uma área de plantio final. Não há tempo máximo de permanência definido, porém as mudas terão seu crescimento limitado pelo seu recipiente (saquinho plástico 13cm x 20cm), visto que não terá espaço ou solo suficiente para o seu desenvolvimento radicular.

Figura 4: Canela-sassafrás – Ocotea odorifera (Vell.) Rohwer. Classificação de ameaça: Em perigo (Reflora), mudas em fase de aclimatação no viveiro de rustificação, para posterior plantio; (a) Mudas recém transferidas para o viveiro de rustificação, sob cobertura de sombrite 50%. Autor: Daniela Nascimento; (b) Mudas em fase avançada de aclimatação, prontas para serem plantadas em seu local definitivo. Autor: Daniela Nascimento; (c) Muda rustificada e plantada em seu local definitivo, muda compõem a coleção viva Arboreto da FJBPC. Autor: Daniela Nascimento.

Figura 5: Canela-sassafrás – Ocotea odorifera (Vell.) Rohwer. Classificação de ameaça: Em perigo (Reflora). Exemplar da espécie em fase adulta. Autor: Banco de imagens da FJBPC.

Figura 6: Produção de mudas por propagação vegetal por meio de parte de plantas. (a) Estacas coletadas para produção de mudas de sabugueiro, picão-do-mato e lavanda. Autor: Daniela Nascimento; (b) Mudas produzidas por rizomas. Autor: Daniela Nascimento; (c) Mudas de arnica – Solidago chilensis Meyen produzidas a partir de estacas. Autor: Daniela Nascimento; (d) Mudas de suculentas, produzidas a partir de estacas. Autor: Daniela Nascimento; (e) Propagação por parte da planta (folhas). Autor: Daniela Nascimento; (f) Mudas produzidas a partir da divisão de touceiras. Autor: Daniela Nascimento.

Referências:

  • SALA, F. C.; Produção de Mudas. São Carlos: Ufscar, 2020. 107 slides, color.
  • HILL, L. Segredos da Propagação de Plantas. São Paulo: Nobel, 1996. 245 p. Tradução Jusmar Gomes.
  • WENDLING, I.; FERRARI, M. P.; GROSSI, F. Curso Intensivo de viveiros e produção de mudas. Colombo: Embrapa Florestas, 2002.
  • PINHEIRO, A. L.; NASCIMENTO, D. D.; SILVA, J. S. PRODUÇÃO DE MUDAS NATIVAS NA FUNDAÇÃO JARDIM BOTÂNICO DE POÇOS DE CALDAS: Reconstituição da flora do Planalto de Poços de Caldas – Projeto executivo. Poços de Caldas, 2023.

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Horário de visitação

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