Meliponário


Um meliponário é um conjunto de colméias de abelhas da tribo Meliponini. Estas abelhas, muito encontradas no Brasil, são conhecidas como os insetos mais úteis do ponto de vista da espécie humana. As abelhas nativas não possuem ferrão desenvolvido e cada espécie tem um padrão de coloração e tamanhos diferentes, elas desenvolveram outros mecanismos de defesa para seus ninhos, como enrolar-se nos cabelos e pelos, beliscar a pele do agressor ou invadir orifícios (narinas, ouvidos e boca).

Figura 1. Entrada de colmeia da espécie jataí (Tetragonisca angustula). Fonte: Domínio Público.

Polinização

Quando as abelhas visitam as flores para coleta de néctar, pólen ou óleos, elas consequentemente realizam a polinização, assegurando a perpetuação de espécies vegetais. Elas realizam a polinização de 40 a 60% da flora nativa; e assim são condicionantes para a existência de outras espécies; estima-se que um terço da alimentação humana depende direta ou indiretamente da polinização realizada por abelhas.

Figura 2. Abelha nativa durante polinização. Fonte: Domínio Público.

Mel

O mel de meliponíneos tem elevado valor medicinal, maior acidez e teor de água, além de ser produzido em menor quantidade quando comparado ao gênero Apis. Sua composição varia de acordo com as fontes florais, espécies de abelhas, estado de maturação do mel, dentre outros fatores. Esse produto tem ampla utilização terapêutica devido às suas propriedades antimicrobianas e antioxidantes..

Ameaças à tribo

As abelhas nativas têm sido reduzidas pela ocupação intensiva da terra para agricultura, urbanização, falta de fontes de alimento, locais para nidificação, desmatamento, ação de serrarias e pela morte por inseticidas. A fragmentação de habitats afeta diretamente as populações de abelhas sociais nativas, diminuindo suas populações devido a endogamia, o que pode levar à extinção de espécies. Além disso, a ação de meleiros afeta diretamente a população de abelhas, pois na tentativa de retirar o mel eles destroem a colônia, por isso a melhor solução é levar até as comunidades as técnicas de criação racional de meliponíneos.

Meliponário da Fundação Jardim Botânico de Poços de Caldas

A coleção de colmeias da Fundação Jardim Botânico de Poços de Caldas teve início no ano de 2016 através de um convênio com a Associação de Apicultores do Planalto de Poços de Caldas e Região (APIS Poços). O Projeto foi denominado “Rede de Criadores de Abelhas Indígenas sem Ferrão” – teve como objetivo incentivar a implantação de meliponário das abelhas nativas sem ferrão em áreas de agricultura, em especial a familiar, visto que essas abelhas são excelentes polinizadoras e podem contribuir para o aumento do emprego e renda. Após a finalização deste convênio, a equipe de Educação Ambiental da FJBPC ficou encarregada de mediar as ações e cuidados com as colônias. No ano de 2019 foi estabelecido um novo convênio com a APIS Poços que se encerrou em 2020.

Atualmente a Fundação Jardim Botânico de Poços de Caldas abriga 10 caixas com colônias de abelhas sem ferrão, e 6 espécies distintas de abelhas nativas: Nannotrigona testaceicornis (Iraí), Tetragonisca angustula (Jataí), Melipona mandacaia (Mandaçaia), Plebeia droryana (Mirim droryana),  Partamona helleri (Boca-de-sapo) e Trigona hyalinata (Guaxupé). Os cuidados com os meliponários são realizados por um voluntário que possui conhecimento representativo a respeito das abelhas sem ferrão ,em parceria com a equipe técnica científica da FJBPC a fim de estabelecer um manejo adequado para o bem-estar das colônias.

Figura 3. Caixa contendo colônia integrante do meliponário da Fundação Jardim Botânico de Poços de Caldas. Fonte: Rafael de S. M. da Silva.

No ano de 2020 todas as caixas das colônias foram reformadas e padronizadas respeitando o tamanho das abelhas e de suas respectivas colmeias. Todas as caixas possuem agora uma entrada tubular de aproximadamente 10 cm para dificultar a invasão de forídeos. Outras medidas adotadas foram a vedação superior das caixas com filme transparente fixado com fita-crepe; vedação superior com EVA de 2,5 a 3 mm para proteção térmica e de luz; tábuas de pinus e linhas de eucalipto para a montagem das caixas; além do uso de esmalte de secagem rápida à base de água sem cheiro (a fim de evitar qualquer dano as abelhas).

Figura 4. Manejo do meliponário da Fundação Jardim Botânico de Poços de Caldas. Fonte: Rafael de S. M. da Silva.

O objetivo do meliponário é difundir os conhecimentos sobre as abelhas nativas por meio da Educação Ambiental, incorporando na comunidade o tema de importância que é a conservação e proteção desses insetos, com funções necessárias e precisas para a manutenção da biodiversidade e dos recursos naturais.

Referências:

  • COSTA, L. Guia fotográfico de identificação de abelhas sem ferrão, para resgate em áreas de supressão florestal. Instituto Tecnológico Vale (ITV). Belém – PA, p. 99, 2019.
  • SILVEIRA, F. A.; MELO, G. AR; ALMEIDA, E. AB. Abelhas brasileiras. Sistemática e Identificação. Fundação Araucária, Belo Horizonte, v. 253, 2002.
  • SOARES, E. E. A.; DE FREITAS, S. G.; AKATSU, P. I.; SANTANA, C. W. Introdução ao mundo das abelhas. USP, Ribeirão Preto, 2011.
  • VILLAS-BÔAS, J. Manual tecnológico: mel de abelhas sem ferrão. Instituto Sociedade, População e Natureza (ISPN), Brasília – DF, Brasil, 2012.

Horário de Funcionamento

De segunda a sexta-feira, das 08h00 às 15h00.

Horário de visitação

De terça a sexta-feira, das 09h00 às 14h30.

Endereço

R. Paulo de Oliveira, n° 320, Parque Veu das Noivas, Poços de Caldas - MG